No mundo dos anos 950, ela era uma das mais belas joias em forma de cidade no planeta. Foi deslumbrante, mas efêmera.
A mítica Medina Azahara, em árabe Madinat al-Zahra, já trazia em seu nome o significado de "cidade brilhante". Ela nasceu por ordem do califa Abderramão 3º, que decidiu por sua construção no ano de 936.
A cidade, localizada a cerca de 8 km da cidade espanhola de Córdoba, seria a capital do Califado de Córdoba, em um dos períodos mais opulentos dos tempos em que territórios da Espanha e do norte da África, durante a Idade Média, estiveram sob controle árabe (dos século 8 a 13).
De fato, a corte mudou-se para lá no ano de 945. Mas toda a deslumbrante existência da cidade, nas encostas de uma montanha e na margem direita do rio Guadalquivir, só duraria por cerca de 70 anos.
Nenhuma despesa foi poupada para erguer a nova capital. Algumas fontes dizem que sua construção envolveu cerca de 10 mil trabalhadores, 6 mil blocos de pedra empilhados diariamente e cargas transportadas por mais de 1,5 mil burros e mulas.
Os melhores artesãos da época foram convidados a decorar as construções.
Mármores brancos foram trazidos de Estremoz (Portugal), a cerca de 350 quilômetros de distância; calcário de cor púrpura foi extraído das serras de Córdoba; pedras avermelhadas foram tiradas da vizinha Serra de Cabra. E, claro, não faltou ouro.
"A cidade representava o poder do califado, então tudo foi projetado para mostrar o máximo esplendor", explicou Alberto Montejo, diretor do sítio arqueológico de Medina Azahara, à BBC News Mundo.
"Muitos recursos econômicos foram alocados do Estado para sua construção. Nada menos que um terço do orçamento anual do califado foi usado para criar Medina Azahara."
Aproveitando o desnível do terreno, a cidade foi projetada em três níveis.
Na parte superior, foi construído o Alcazar Real, a residência íntima de Abderramão 3º, composta por colunas majestosas, capitéis elaborados e decoração luxuosa.
De um grande terraço superior, o califa podia contemplar toda a cidade que ele havia criado.
A esplanada intermediária abrigava os prédios administrativos e as residências dos mais importantes oficiais da corte; e, na parte baixa da cidade, estavam as casas da população comum e dos soldados, a mesquita, os mercados, os banhos e os jardins públicos.
A cidade era tão rica que, apenas 15 anos depois de sua construção, algumas unidades foram demolidas para dar lugar a casas maiores e mais suntuosas.
"O califado de Córdoba foi um dos grandes impérios da época no Mediterrâneo, comparável ao bizantino. Não havia cidades naquela época com o esplendor de Medina Azahara", diz Alberto Montejo.
No entanto, apesar de sua magnificência, Medina Azahara só existiu por cerca de 70 anos.
Foi com a morte, em 976, do califa Aláqueme 2º (filho e sucessor de Abderramão 3º) que começou a decadência da cidade. O reino passou a ser comandado por seu filho Hixam. O problema é que Hixam era um menino, com apenas 11 anos de idade.
Para lidar com essa situação, grande parte do poder coube a Almançor, que já havia sido conselheiro de Aláqueme 2º e nomeado grão-vizir de Hixam.
Mas Almançor acabou se tornando poderoso e assumiu o controle sobre o califado. Ele fundou sua própria cidade, Medina Alzahira, e deixou pra trás Medina Azahara.
Não foi só isso. O califado de Córdoba desaparece definitivamente no ano de 1031, após uma sangrenta guerra civil. Com isso, seu território foi dividido em diferentes reinos, os chamados reinos de taifas. E Medina Azahara ficou definitivamente abandonada.
A cidade mais bonita do Ocidente foi saqueada, queimada e despida de sua beleza. As construções e decorações mais caras foram vendidas ou recicladas.
"Estes itens davam prestígio a quem os possuía e acabaram em Sevilha, no norte da África ou no norte da Espanha", revela Alberto Montejo.
A cidade foi dilacerada, até as pedras de seus muros foram retiradas.
"Medina Azahara se torna a pedreira perfeita, não só tinha muita pedra, mas já estava perfeitamente cortada em blocos", explica o diretor atual desse sítio arqueológico.
A cidade caiu no esquecimento. Um esquecimento que durou até 1911, quando as primeiras escavações na região trouxeram à tona os restos da mítica cidade.
Estima-se que apenas 11% do que foi a cidade esteja à vista. Mesmo assim, o que restou da "cidade brilhante" foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
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quarta-feira, 12 de junho de 2019
terça-feira, 4 de junho de 2019
The Brando, o luxuoso balneário no Taiti
O The Brando é um dos eco-resorts mais luxuosos do mundo, localizado em um atol no meio do Oceano Pacífico. É um dos últimos lugares onde se esperaria encontrar tecnologia pioneira, mas, para a surpresa de muitos, ele tem.
O resort no atol Tetiaroa - ao norte do Taiti - é uma representação clara do conceito de exclusividade de luxo. Os bangalôs de dois quartos que ele abriga custam a partir de 3.700 euros (aproximadamente R$ 16,26 mil) por noite.
Ele pertencia ao ator de Hollywood Marlon Brando, que enxergava ali um refúgio ecológico, e se tornou um 'esconderijo' para ricos e famosos, como Beyoncé e Barack Obama, em busca de férias relaxantes com menos impactos negativos para o planeta.
O atual dono Richard Bailey afirma que o lugar está perto de se tornar "neutro em carbono e auto-sustentável".
A eletricidade no complexo, por exemplo, é gerada a partir de painéis solares e biocombustível de óleo de coco, enquanto a água residual é usada para irrigação sustentável.
E o sistema de refrigeração do resort é baseado em um sistema que retira água muito fria do mar - de 900 metros abaixo da superfície do Oceano Pacífico - para resfriar a água doce e o ar do complexo.
Como o sistema de refrigeração é alimentado em grande parte pela pressão da água, ele usa muito pouca energia.
"Muitas vezes, a sustentabilidade não parece compatível com o luxo do mercado hoteleiro, mas o The Brando prova que isso é possível", diz o professor de sustentabilidade nos negócios da Universidade de Surrey, na Inglaterra, Graham Miller.
Mas, é claro, os visitantes do The Brando têm que voar para o Taiti primeiro e depois pegar outro "voo de 20 minutos para o paraíso", então a emissão de carbono deles ainda é significativa.
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