quarta-feira, 12 de junho de 2019

Medina Azahara, a cidade mais bela do mundo que só existiu por 70 anos





No mundo dos anos 950, ela era uma das mais belas joias em forma de cidade no planeta. Foi deslumbrante, mas efêmera. A mítica Medina Azahara, em árabe Madinat al-Zahra, já trazia em seu nome o significado de "cidade brilhante". Ela nasceu por ordem do califa Abderramão 3º, que decidiu por sua construção no ano de 936. A cidade, localizada a cerca de 8 km da cidade espanhola de Córdoba, seria a capital do Califado de Córdoba, em um dos períodos mais opulentos dos tempos em que territórios da Espanha e do norte da África, durante a Idade Média, estiveram sob controle árabe (dos século 8 a 13). De fato, a corte mudou-se para lá no ano de 945. Mas toda a deslumbrante existência da cidade, nas encostas de uma montanha e na margem direita do rio Guadalquivir, só duraria por cerca de 70 anos. Nenhuma despesa foi poupada para erguer a nova capital. Algumas fontes dizem que sua construção envolveu cerca de 10 mil trabalhadores, 6 mil blocos de pedra empilhados diariamente e cargas transportadas por mais de 1,5 mil burros e mulas. Os melhores artesãos da época foram convidados a decorar as construções. Mármores brancos foram trazidos de Estremoz (Portugal), a cerca de 350 quilômetros de distância; calcário de cor púrpura foi extraído das serras de Córdoba; pedras avermelhadas foram tiradas da vizinha Serra de Cabra. E, claro, não faltou ouro. "A cidade representava o poder do califado, então tudo foi projetado para mostrar o máximo esplendor", explicou Alberto Montejo, diretor do sítio arqueológico de Medina Azahara, à BBC News Mundo. "Muitos recursos econômicos foram alocados do Estado para sua construção. Nada menos que um terço do orçamento anual do califado foi usado para criar Medina Azahara." Aproveitando o desnível do terreno, a cidade foi projetada em três níveis. Na parte superior, foi construído o Alcazar Real, a residência íntima de Abderramão 3º, composta por colunas majestosas, capitéis elaborados e decoração luxuosa. De um grande terraço superior, o califa podia contemplar toda a cidade que ele havia criado. A esplanada intermediária abrigava os prédios administrativos e as residências dos mais importantes oficiais da corte; e, na parte baixa da cidade, estavam as casas da população comum e dos soldados, a mesquita, os mercados, os banhos e os jardins públicos. A cidade era tão rica que, apenas 15 anos depois de sua construção, algumas unidades foram demolidas para dar lugar a casas maiores e mais suntuosas. "O califado de Córdoba foi um dos grandes impérios da época no Mediterrâneo, comparável ao bizantino. Não havia cidades naquela época com o esplendor de Medina Azahara", diz Alberto Montejo. No entanto, apesar de sua magnificência, Medina Azahara só existiu por cerca de 70 anos. Foi com a morte, em 976, do califa Aláqueme 2º (filho e sucessor de Abderramão 3º) que começou a decadência da cidade. O reino passou a ser comandado por seu filho Hixam. O problema é que Hixam era um menino, com apenas 11 anos de idade. Para lidar com essa situação, grande parte do poder coube a Almançor, que já havia sido conselheiro de Aláqueme 2º e nomeado grão-vizir de Hixam. Mas Almançor acabou se tornando poderoso e assumiu o controle sobre o califado. Ele fundou sua própria cidade, Medina Alzahira, e deixou pra trás Medina Azahara. Não foi só isso. O califado de Córdoba desaparece definitivamente no ano de 1031, após uma sangrenta guerra civil. Com isso, seu território foi dividido em diferentes reinos, os chamados reinos de taifas. E Medina Azahara ficou definitivamente abandonada. A cidade mais bonita do Ocidente foi saqueada, queimada e despida de sua beleza. As construções e decorações mais caras foram vendidas ou recicladas. "Estes itens davam prestígio a quem os possuía e acabaram em Sevilha, no norte da África ou no norte da Espanha", revela Alberto Montejo. A cidade foi dilacerada, até as pedras de seus muros foram retiradas. "Medina Azahara se torna a pedreira perfeita, não só tinha muita pedra, mas já estava perfeitamente cortada em blocos", explica o diretor atual desse sítio arqueológico. A cidade caiu no esquecimento. Um esquecimento que durou até 1911, quando as primeiras escavações na região trouxeram à tona os restos da mítica cidade. Estima-se que apenas 11% do que foi a cidade esteja à vista. Mesmo assim, o que restou da "cidade brilhante" foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

terça-feira, 4 de junho de 2019

The Brando, o luxuoso balneário no Taiti



O The Brando é um dos eco-resorts mais luxuosos do mundo, localizado em um atol no meio do Oceano Pacífico. É um dos últimos lugares onde se esperaria encontrar tecnologia pioneira, mas, para a surpresa de muitos, ele tem. O resort no atol Tetiaroa - ao norte do Taiti - é uma representação clara do conceito de exclusividade de luxo. Os bangalôs de dois quartos que ele abriga custam a partir de 3.700 euros (aproximadamente R$ 16,26 mil) por noite. Ele pertencia ao ator de Hollywood Marlon Brando, que enxergava ali um refúgio ecológico, e se tornou um 'esconderijo' para ricos e famosos, como Beyoncé e Barack Obama, em busca de férias relaxantes com menos impactos negativos para o planeta. O atual dono Richard Bailey afirma que o lugar está perto de se tornar "neutro em carbono e auto-sustentável". A eletricidade no complexo, por exemplo, é gerada a partir de painéis solares e biocombustível de óleo de coco, enquanto a água residual é usada para irrigação sustentável. E o sistema de refrigeração do resort é baseado em um sistema que retira água muito fria do mar - de 900 metros abaixo da superfície do Oceano Pacífico - para resfriar a água doce e o ar do complexo. Como o sistema de refrigeração é alimentado em grande parte pela pressão da água, ele usa muito pouca energia. "Muitas vezes, a sustentabilidade não parece compatível com o luxo do mercado hoteleiro, mas o The Brando prova que isso é possível", diz o professor de sustentabilidade nos negócios da Universidade de Surrey, na Inglaterra, Graham Miller. Mas, é claro, os visitantes do The Brando têm que voar para o Taiti primeiro e depois pegar outro "voo de 20 minutos para o paraíso", então a emissão de carbono deles ainda é significativa.