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terça-feira, 3 de junho de 2014
Oásis de Siwa 01 - Egito - África
Do Egito se diz que é um vasto deserto cortado pelo vale do Nilo. Além do rio e do fértil Delta, quebram também a aridez do imenso território, com cerca de um milhão de quilómetros quadrados, uma meia dúzia de oásis. Alguns - Kharga, Bahariya, Dakhla, Farafra - estão dispersos pelo Deserto Ocidental. É aí, justamente, nessa região que se estende a sudoeste do Cairo, delimitada pelas fronteiras com a Líbia e o Sudão, que se encontra o oásis de Siwa, a pouca distância da grande Depressão de Qattara, uma bacia desértica situada uma centena de metros abaixo do nível do mar. Siwa não é apenas o mais remoto dos oásis egípcios. Outras singularidades o diferenciam dos seus congéneres do Deserto Ocidental. Localizado a meia centena de quilómetros da fronteira com a Líbia, detém uma espantosa abundância de água, em lagos, fontes e lençóis subterrâneos. Habitam o oásis cerca de 23 000 pessoas, a grande maioria de origem berbere, descendentes de populações berberes oriundas do Magrebe que se instalaram na região ainda antes da chegada dos árabes, que ocorreu no século VII, e que ofereceram inicialmente forte resistência à islamização e ao poder central. Só na primeira metade do século XIX, por ocasião do consulado do Paxá Muahamed Ali, se deixaram submeter ao domínio do Cairo. A principal atividade dos seus habitantes é a agricultura.
O oásis tem uma extensão máxima de oitenta quilómetros e é um fértil jardim de alberga mais de cinquenta mil oliveiras e um quarto de milhão de palmeiras, que produzem as melhores tâmaras do país e o mais afamado azeite egípcio.
A praça central de Siwa está rodeada de casas de um piso, construções de terra, na maioria. Num dos lados, um painel mostra uma reconstituição de Shali. Por trás do tosco retábulo, ao anoitecer, a velha cidadela mergulha numa semi-escuridão fantasmagórica, enquanto à volta da praça e nas ruelas até à mesquita as últimas azáfamas do dia emprestam uma breve agitação ao povoado.
Passam carroças puxadas por burricos, um ou outro automóvel e carrinhas de caixa aberta, motorizadas a arrastar atrelados ligeiros. É sobre estes veículos que é possível avistar as únicas mulheres locais que descem ao centro de Siwa. Nunca o fazem sós e nunca se apeiam das carroças ou dos atrelados. Aí permanecem, cobertas pelos seus trajes tradicionais, de tom cinza e com discretos bordados, e por burcas. São os homens ou os filhos mais velhos - miúdos ou adolescentes, por vezes - que entram nas mercearias e fazem as compras domésticas. Sentadas nas carroças, imóveis sombras, como fantasmas.
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